outubro 19, 2019

Versos de Oliveira de Panelas

Esses discos voadores
Me preocupam demais

Seres de outras camadas
Voam em veloz transporte
Rússia e América do Norte
Já estão preocupadas
Será que esses camaradas
Lá das bandas siderais
Vem torcer por generais
Ou apoiar senadores
Esses discos voadores
Me preocupam demais




Muita coisa no mundo está mal feita
E com isso não vou me conformar

Rebeldia de um povo que não faz
Um esforço sequer para vencer
Quando vence começa a esquecer
Quem não é das elites sociais
Quem ficou enganchado para trás
Faça força para se desvencilhar
Pois há gente que achando bom lugar
Na sua casa mendigo não aceita
Muita coisa no mundo está mal feita
E com isso não vou me conformar




Nesse nosso planeta tem de tudo
Só não vejo quem faça divisão

As malditas despesas de uma guerra
Deveriam ser dadas paraos fracos
Que trabalham por pedras e buracos
Do recanto isolado de uma serra
Pois enquanto na Rússia sobra terra
O contrário acontece com o Japão
E eu não sei como é que uma nação
Se arruma num canto tão miúdo
Nesse nosso planeta tem de tudo
Só não vejo quem faça divisão


outubro 16, 2019

De autor desconhecido:

O mote era "Ela não diz, eu não digo/ Quem é que pode saber?"

Ela fez, eu também fiz
Eu também fiz, ela fez
Fizemos os dois de uma vez
Eu não digo, ela não diz
Por certo que ela não quis
Dar ao mundo conhecer
Eu também não vou dizer
O que aconteceu comigo
Ela não diz, eu não digo
Quem é que pode saber?

outubro 15, 2019


Louro Branco & Edvaldo Zuzu

Sextilhas - Os animais estranhos

Eu notei até agora
Tem animal diferente
A raposa é sem-vergonha
Leva as galinhas da gente
E o gambá aonde mija
Com uma légua a gente sente
(Louro Branco)




Louro Branco & Valdir Teles

Mote em desafio:
Já dei tanto tabefe em cantador
Que meu braço direito está doído


Um tabefe eu já dei nesse nojento
Que um braço caiu em Bananeiras
Uma perna baixou em Cajazeiras
A barriga caiu lá em São Bento
A cabeça caiu em Livramento
O pescoço rodou ficou perdido
E o bumbum por ser muito divertido
Foi bater candomblé em Salvador
Já dei tanto tabefe em cantador
Que meu braço direito está doído
(Louro Branco)



Louro Branco

Pernoite no cabaré

Recomendação de leitura: Coletânea Poética de Zé Laurentino*, da Editora Bagaço.


Em uma passagem do livro o poeta conta:
"O papo estava animado, o tira gosto era rolinhas assadas na hora. Como a minha casa fica perto do bar, de vez em quando chegava o meu guri com um recado:
- Painho, mainha mandou chamar pra almoçar.
Eu:
- Diga a ela que já vou.
No terceiro recado pedi uma rolinha a Paulo, em seguida pedi um guardanapo e nele escrevi a seguinte quadra:

Tô te mandando uma rola
Minha querida Maria
Não te dei rola de noite
Te mando uma rola de dia.

Enrolei a rolinha no guardanapo e mandei para minha esposa. Não preciso dizer que quase apanhei, mas foi boa a brincadeira."

* O poeta Zé Laurentino nasceu em Puxinanã-PB, em 11 de abril de 1943 e faleceu vítima de um câncer em 15 de setembro de 2016, em Campina Grande-PB.

outubro 12, 2019

Pedro Bandeira & Diniz Vitorino

Quem quiser morrer sorrindo
Não envelheça chorando


Um ancião sorridente
Deus conforta, o mundo afaga
Que o pranto não fecha a chaga
Que a velhice abre na gente
Bom é ser jovem contente
Ficar velho gargalhando
Semear flores chegando
Pra colher se despedindo
Quem quiser morrer sorrindo
Não envelheça chorando
(Pedro Bandeira)




Molduras sertanejas

Por cima dos verdes montes
Abre-se a flor nas ramagens
A cachoeira cantante
Solta soluços selvagens
A onda se torce lenta
Como uma cobra cinzenta
Lambendo os pés das paisagens
(Diniz Vitorino)




Em cantoria com um repentista vulgo Patativa, cujo a viola era enfeitada com muitas fitas coloridas, alguém pediu a opinião de Pinto do Monteiro, que de pronto respondeu:

Eu não sei como se ouve
Cantor como Patativa
Toda pronúncia é errada
Toda rima é negativa
A viola só tem fita
E a cantiga é merda viva

Extraído de Pinto Velho do Monteiro, um cantador sem parelha, de Joselito Nunes.

novembro 06, 2008

João Paraibano e Raimundo Caetano

.
1. Sextilhas: Ano bom de inverno no sertão

2. Deus está por trás do pranto
Da criança abandonada

3. Vou no trem da saudade todo dia
Visitar o lugar que fui criado

No vagão da saudade eu tenho ido
Ver a casa que antes nasci nela
Uma lata de flores na janela
A parede de taipa, o chão varrido
Milho mole esperando ser moido
Numa máquina do veio enferrujado
Que a pesar da preguiça e do enfado
Mãe botava de pouco e eu moía
Vou no trem da saudade todo dia
Visitar o lugar que fui criado
(João Paraibano)

http://www.4shared.com/file/69941550/138268e2/R_caetano_e_J_paraibano.html?dirPwdVerified=44ca76e

Senha: cantoriasecordeis